Sala de Ordenha
Mercado virou desde julho
Os preços ao produtor subiram 6,0% no pagamento de julho, referente à produção entregue em junho. A média nacional ficou em R$ 1,174 por litro, segundo levantamento da Scot Consultoria.
Em relação a julho do ano passado, o leite subiu 21,6%, em valores nominais, veja na figura 1.
A concorrência entre os laticínios pela matéria-prima foi o principal fator de alta de preço no mercado interno no primeiro semestre, visto que a demanda não vai bem.
No entanto, desde julho o mercado deu sinais de que virou, com quedas nos preços do leite spot e produtos lácteos no atacado.
Mudança de cenário
No mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias, os preços caíram na primeira quinzena de agosto.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Minas Gerais e em São Paulo, os preços médios ficaram em R$ 1,84 por litro, considerando o preço posto na plataforma. Para uma comparação, em julho, os valores chegaram a R$ 2,20 por litro.
Na Região Sul, os preços variaram de R$ 1,65 a R$ 1,75 por litro na segunda metade de julho.
Outro ponto é que, no mercado atacadista, considerando a média de todos os produtos pesquisados, os preços dos lácteos também caíram nas últimas quinzenas. A queda foi de 0,9% na primeira metade de agosto, em relação ao fechamento de julho.
O preço do leite longa vida caiu 3,8% no período e ficou cotado, em média, em R$ 3,34 o litro nas indústrias.
Figura 1 - Preço do leite ao produtor (média nacional ponderada) em R$/litro, em valores nominais
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Para a segunda quinzena de agosto, dos laticínios pesquisados, 80% acreditam em queda do preço do litro do longa vida. Os 20% restantes falam em manutenção das cotações no período.
Considerações finais
Apesar do aumento da produção nos últimos dois meses, em julho o Índice Scot de Captação apontou para uma oferta 4,6% menor, em relação a igual período do ano passado, considerando a média nacional.
Em curto prazo, a produção deverá aumentar no Sul do País e principais bacias da Região Sudeste, mas os incrementos deverão ser comedidos, em função dos menores investimentos e gastos por parte do produtor na atividade, além de questões climáticas.
De qualquer maneira, a expectativa é de que a pressão de baixa ganhe força daqui para frente, inclusive com quedas previstas para o produtor já no pagamento de agosto (produção de julho).
Para setembro (leite entregue em agosto) a maioria dos laticínios pesquisados aponta para queda no preço do leite ao produtor.
Os preços devem seguir em queda também no mercado spot, atacado e supermercados.
Para o produtor, as preocupações ficam por conta dos custos de produção, que seguem em patamares elevados. Com as quedas previstas no preço do leite, a margem deverá continuar se estreitando.
Em agosto, os custos da atividade subiram 1,1%, na comparação mensal, segundo o Índice Scot Consultoria de Custo de Produção da Pecuária Leiteira. Em relação a agosto de 2015, a alta é de 24,4%.
Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista Scot Consultoria